A ética de ockham
Diferentemente de Tomás de Aquino e Duns Scotus que afirmavam existir uma Lei Natural de acordo com a qual o homem houvera de guiar suas ações morais, Guilherme de Ockham coloca a Lei Divina no centro de sua teoria ética, enfatizando, sobretudo, a ilimitada liberdade de Deus em dar comandos. Portanto, a liberdade de Deus é absoluta na estipulação da lei, disto decorre que o valor dos atos humanos procedia inteiramente da vontade soberana e irrestrita de Deus. Assim posto, sendo Deus o Legislador Supremo da vida humana, o ser humano não precisa se preocupar em promulgar leis, mas deve obedecer os comandos por Ele dados. Em virtude disso, a obrigação é um conceito ético central na teoria de ockham. O ser humano tem a obrigação de fazer o bem (comando divino) e está obrigado pelas ordens divinas, mas Deus não está submetido a nenhuma obrigação relativamente aos seres humanos. Se, no entanto, os seres humanos desobedecem aos comandos divinos, então eles terão como resultado o mal se efetivando em suas ações.
Para Ockham, assim como seus predecessores aristotélicos, o que torna um ato virtuoso é estar de acordo com o correto juízo racional. Ademais, agir de acordo com o correto juízo racional e a consciência não entra em conflito com o comando divino, pois se o ser humano age de acordo com o juizo correto racional e com sua consciencia é porque Deus ordena que seja assim.
Ockham entende que existem princípios que excluem tipos particulares de atos, por exemplo, o assassinato é por definição para não ser realizado, pois assassinato implica matar e, significa que o assassino está obrigado pelo comando divino a fazer o seu oposto. Isso significa dizer que podemos concluir que o assassino cometeu pecado? Não para Ockham. Segundo ele, ainda que achamos que o assassinato é errado daí, sem a revevelação, não podemos inferir que alguem que matou outrem cometeu pecado, pois o que se define como mais importante na defterminação de um juizo moral não são ações publicas, tais como assassinato adultério ou mesmo suicidio, mas sim "atos privados interiores do querer",ou seja, o que importa é a intenção e, não a ação por si. Em ilustração desse raciocínio, nas proprias palavras do autor, "um suicida que se atira de um penhaço, mas se arrepende durante a queda, passa de um estado vicioso para um estado virtuoso sem qualquer alteração no comportamento externo". ou ainda, penso, não sabemos de fato se Judas foi condenado por trair seu Mestre, com base simplesmente no seu comportamento exterior, pois tudo o que importa é a intenção. Sobre a intenção tanto Tomás quanto Abelardo haviam tratado anteriormente, mas Ockham ao se referir a ela(intenção) de forma singular sela um completo rompimento entre a vida interior e a exterior.
KENNY, Anthony. ética. In_____Filosofia Medieval: uma nova historia da filosofia medieval, São Paulo: Loyola, 2009 pp. 309-310
KENNY, Anthony. ética. In_____Filosofia Medieval: uma nova historia da filosofia medieval, São Paulo: Loyola, 2009 pp. 309-310